domingo, 24 de junho de 2012

E agora o que eu vou comer?!



Após tantas revelações feitas nas minhas palestras e no blog sobre os alimentos ultra-processados – que até biscoito água e sal, gelatina e barrinha de cereal podem não ser saudáveis – as pessoas ficam desesperadas sem saber o que comer.
            Já ouvi várias vezes frases do tipo “Então para ser saudável eu só posso comer mato?”. É então que percebo com tristeza, como o conceito de alimento está sendo deturpado de forma brutal.
O que as pessoas chamam de “mato”, são verduras e legumes, e falando dessa forma, deixam claro que não as consideram como alimento (pelo menos não para humanos), ao passo que consideram “alimento” produtos sem qualquer valor nutritivo, como refrigerantes, embutidos, salgadinhos, sanduíches, doces.
Devemos ter como conceito de alimento, algo que é bom antes, durante e depois do seu consumo. Ser bom antes significa agradar aos olhos, ter uma boa aparência, um aroma apetitoso. Durante, quer dizer que deve ser saboroso, aguçar nossas papilas gustativas. Depois, é o benefício que traz ao organismo, fornecendo substâncias que regularão as funções fisiológicas, promovendo harmonia metabólica e saúde.       
O que, baseada em conhecimento científico, considero alimento é o que fornece um conjunto de substâncias nutritivas indispensáveis para manter a vida e a saúde. Partindo desse conceito, como considerar “alimento” produtos ricos em aditivos sintéticos, sal e outras substâncias maléficas?
            Você já parou para pensar na diferença de prazo de validade entre os alimentos feitos totalmente por processo industrial e os caseiros? Um bolo feito em casa, dura no máximo 4 dias, no entanto, um bolo pronto (sem recheio), fica íntegro por mais de uma semana. Um bom exemplo é o panetone, que desde outubro já vemos à venda nas padarias e supermercados! Por que dura tanto? Devido ao uso de grande quantidade de conservantes e sal.
          Joann Bruso, uma nutricionista americana, deixou em cima da geladeira um kit lanche de uma rede de fast-food famosa no mundo todo, para ver quanto tempo durava e testar o poder dos conservantes. Após 1 ano inteiro, notou que não havia se deteriorado! Nem mesmo as moscas se aproximavam do lanche! São adicionados conservantes e sal em quantidades que permitem que esse produto seja conservado por mais de 365 dias!
Comida de verdade tem que estragar, porque é alimento vivo.
            Passe a ter o hábito de ler os rótulos de alimentos predominantemente industrializados (cuja maior parte da matéria prima foi formulada industrialmente), e verá que muitas vezes, mais de 50% do que está escrito, não reconhecemos como alimento. Será que o que está dentro daquela embalagem foi feito para atender às necessidades de saúde do nosso organismo?
A verdade é que não.
            Nosso corpo reconhece e precisa de vitaminas, minerais, água, carboidratos, proteínas e gorduras de boa qualidade. Exemplos de boas fontes são as frutas, verduras, legumes, cereais (arroz, trigo, milho, aveia), leguminosas (todos os tipos de feijão, soja, lentilha, grão de bico); encontrados naturalmente e não são predominantemente processados pela indústria ou feitos em laboratórios como os aditivos químicos.
            O corpo reconhece o que a natureza nos fornece. O que damos para ele de diferente causa  transtorno metabólico, que se manifesta em alergia, dor de cabeça, mal-estar, falta de vitalidade, indisposição, que nada mais são do que avisos de que por dentro as coisas não vão nada bem. 
Por que maltratar o organismo consumindo o que só faz bem da boca para fora, que depois de engolido não beneficia em nada, pelo contrário, dá trabalho para ser eliminado? Do que adianta agradar aos olhos, ao paladar, mas quando chega ao organismo causa má digestão, desconforto, enxaqueca, constipação, aumento de colesterol, hipertensão; além de nos predispor a outras inúmeras doenças?
Pense nisso, sua saúde é seu maior patrimônio.








sexta-feira, 22 de junho de 2012

Biscoito “água e sal” - só água e sal mesmo?


Falando em gordura trans (postagem anterior), vou esclarecer alguns pontos sobre um produto que todo mundo acha que é saudável e na verdade não é - aquele biscoitinho chamado “biscoito água e sal”

            Todo mundo que pensa em fazer “dieta” ou ter uma alimentação saudável vê nele um grande aliado. Mas agora vocês perceberão que não é bem o que parece.

            O primeiro ponto é a questão das calorias. Em termos calóricos, 4 biscoitos “água e sal” equivalem a 1 pãozinho francês. Sendo assim, você que deixa de comer pão pra comer este biscoito, já percebeu que se consumir mais de 4 unidades não estará fazendo um bom negócio.

            Outra questão é o teor de sódio. A quantidade adicionada pela maioria das marcas  faz jus ao nome “água e sal”.

Há ainda um terceiro inconveniente: este produto contém gordura trans. É só verificar na lista de ingredientes, certamente haverá “gordura vegetal” ou “gordura vegetal hidrogenada”, que como vimos significam trans.

            Por isso a informação nutricional no rótulo é tão valiosa, ela é o meio que temos de saber o que é saudável e o que não é.

domingo, 17 de junho de 2012

Cuidado: “0 de gordura trans” pode não significar que de fato não contenha




            Como eu havia prometido, trouxe uma pauta sobre gordura trans.

            Este tipo de gordura é obtido por processamento da indústria, que transforma óleo em gordura sólida para torná-lo mais estável à cocção. 
       O problema é que para isso, o óleo, uma fonte de gordura considerada boa (insaturada), é transformado, por processo denominado “hidrogenação”, em gordura do tipo “trans”, que é maléfica.
           
            Os principais efeitos à saúde do consumo de gordura trans são:

-        Aumento do colesterol LDL (colesterol “ruim”)

-        Diminuição do HDL (colesterol “bom”)

-        Aumento de fatores inflamatórios

-        Aumento do risco de doença cardiovascular


            Como vimos na postagem anterior, muitas vezes, os valores da tabela de composição dos rótulos dos produtos referem-se a uma porção muito menor do que a que você ingere. O pior de se utilizar uma quantidade bem inferior ao pacote todo para o cálculo de nutrientes, é que a gordura trans pode ficar mascarada. Ao verificar o rótulo, o consumidor pode acreditar que em certos produtos não há gordura trans, pois consta “0g” na tabela de informação nutricional, mas ainda assim o produto pode conter. O erro acontece porque, em alguns casos, a quantidade de gordura trans em 1 porção é pequena, e por esse motivo não há obrigatoriedade da  declaração no rótulo. Porém, quando se consome mais do que a porção discriminada pelo fabricante (o que é muito provável que aconteça), pode haver valores consideráveis dessa gordura.
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            Mas, não se desesperem. Existe uma forma de ter certeza da presença da gordura trans! É só verificar na lista de ingredientes que consta na embalagem a presença de alguns destes dizeres: 

 “gordura vegetal”, ou “gordura vegetal hidrogenada” – significam trans.


            Observe também a presença de “gordura de palma”. A indústria vem substituindo a trans por este outro tipo de gordura, que também não é bom. É quase como trocar 6 por meia dúzia...

            Mais uma informação importante a se observar nos rótulos dos produtos!



REFERÊNCIAS:

CHIARA, Vera Lucia; SILVA, Rosilaine; JORGE, Renata  e  BRASIL, Ana Paula. Ácidos graxos trans: doenças cardiovasculares e saúde materno-infantil. Rev. Nutr. [online]. 2002, vol.15, n.3, pp. 341-349. ISSN 1415-5273.
MARTIN, Clayton Antunes; MATSHUSHITA, Makoto  and  SOUZA, Nilson Evelázio de. Ácidos graxos trans: implicações nutricionais e fontes na dieta. Rev. Nutr. [online]. 2004, vol.17, n.3, pp. 351-359. ISSN 1415-5273.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Decifrando rótulos: Fique atento para não consumir mais gordura, calorias e sódio do que imagina

Tamanho da porção

Outro ponto a ser verificado nos rótulos, além da lista de ingredientes, como mostrei nas postagens anteriores,  é a Tabela de Composição Nutricional.


Segundo a legislação - RDC nº 360, de 23 de dezembro de 2003, todos os produtos devem listar na tabela os seguintes componentes:

- Calorias
- Carboidratos
- Proteína
- Gorduras Totais
- Gorduras Saturadas
- Gorduras Trans
- Fibras
- Sódio
- Algum outro nutriente importante que represente acima de 5% das necessidades diárias (opcional). Exemplo: ferro, vitamina A, ácido fólico


A primeira coisa que deve ser observada é se o tamanho da porção discriminada corresponde ao que de fato você consome.
Vou dar um exemplo: Os pacotes de biscoito recheado geralmente trazem a informação nutricional referente a 30g, que equivalem a 2 biscoito e ½. Porém, quem é que consome apenas 2 biscoitos e meio?!

Portanto, preste atenção, pois você pode estar ingerindo muito mais calorias, gordura, açúcar e sódio do que imagina.

Trago a informação nutricional de um determinado biscoito, comparando a quantidade a que se refere a tabela do rótulo, e as quantidades de nutrientes referentes ao pacote todo:



Item
Porção de 30g
Pacote todo ( 143g)
Valor energético
147kcal
700,7kcal
Açúcares
12g
57,2g
Gorduras totais
6,3g
30g
Gorduras saturadas
2,7g
13g
Gorduras trans
0,3
1,43g


            Viu como você pode consumir quase 5 vezes mais calorias, açúcares e gorduras do que parece?
  
Outro bom exemplo é dos pacotes de salgadinho, que trazem a informação nutricional referente a 25g, sendo que o pacote todo contém até 200g!


            Por isso, fique atento!

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Participação no Programa “Sem Censura” da TV Brasil

Pessoal, nesta segunda-feira (04/06/12) tive o enorme prazer de participar do Programa "Sem Censura", ao vivo, com a Leda Nagle, na TV Brasil!
Foi maravilhoso compartilhar informações do blog e dos vídeos com um grande público!
A Leda é ótima, nos deixa muito à vontade e tem grande interesse por alimentação saudável!
Tive a honra de conhecer também o Maurício de Souza – até fazer algumas orientações alimentares para a Magali, rsrsrsrs... - a cantora Anna Bello e o imunologista e alergeologista dr Carlos Laje. Falamos sobre os corantes artificiais e rótulos de alimentos.
Para quem não assistiu ou quer rever, já está disponível:





Agradeço à TV Brasil o convite e a recepção! Uma TV idônea, responsável, preocupada em levar informação de qualidade ao seu público.

Os cariocas também são muito receptivos e a cidade realmente maravilhosa!

Espero ter dado aos telespectadores embasamento para fazer escolhas mais saudáveis!

Decifrando rótulos: Cuidado! O açúcar tem “codinomes”



Vocês estão lembrados da pauta sobre “empanado à base de carne de frango”, na qual expliquei que a ordem com que os ingredientes são listados no rótulo dos produtos segue ordem decrescente de proporção? (http://andreiamouranutri.blogspot.com.br/2012/05/decifrando-os-rotulos-voce-come-pele-de.html).  Isto significa que o primeiro ingrediente da lista é o que está em maior quantidade, até que o último é o que está em menor.

Portanto, evite comprar produtos cujos primeiros ingredientes da lista sejam: açúcar, gordura e sal.

É importante que vocês saibam também, que nem sempre “açúcar” vem designado no rótulo como “açúcar”. A indústria utiliza outras formas e outros nomes para este carboidrato. Listei alguns pra vocês:

-        Sacarose
-        Glicose
-        Glucose
-        Caramelo
-        Melaço
-        Xarope de glicose
-        Xarope de milho (é um açúcar obtido do amido de milho, mas que apresenta os mesmos malefícios)
-        Açúcar invertido
-        Açúcar de confeiteiro
 Todos estes querem dizer “açúcar”.

Verifiquem também se há algum ingrediente da lista que contém açúcar, tais como: chocolate, calda, granulado, leite condensado, doce de leite.

Vamos ver isso na prática?

 Trouxe as informações do rótulo de um produto para vocês analisarem:

Ingredientes:Cereais (40%), aveia e flocos de cereais ( farinha de arroz e de milho, açúcar, maltodextrina, extrato de malte e sal, gorduras de palma, corantes carmim INS 120 e urucum INS 160b), xarope de glicose, cobertura sabor chocolate (16%) (açúcar vegetal, cacau em pó, soro de leite parcialmente desmineralizado, leite em pó integral, massa de cacau, leite em pó desnatado) sal, emulsificante lecitina de soja INS 322, e éster de ácido ricinoléco com poliglicerol INS 475 e aromatizante, açúcar invertido, maltodextrina, extrato de malte, beterraba em pó, polidextrose, corante carmim INS120, aromatizante e acidulante ácido cítrico INS330 e málico. Pode conter traços de amêndoas, castanha-do-pará, castanha-de-caju, nozes, avelã, soja e leite.


Viram como aparecem várias formas de açúcar (todas as que estão em vermelho)? Só neste produto vimos 4! Logo, podemos inferir que este é um alimento com considerável quantidade de açúcar.

Vocês conseguiram descobrir qual é este produto?

Então pasmem – este rótulo é de uma barrinha de cereal!


E todo mundo pensa que todas as marcas de barrinha são supersaudáveis...


Portanto, insisto em dizer: Leiam os rótulos dos alimentos.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Decifrando rótulos: Você come fumaça + pele, gordura e miúdos de porco e não sabe!

Você come salsicha, não come? Então o título da postagem vale para você.



         Continuando a série sobre rótulos de alimentos, trago mais uma excelente razão pra você ler a lista de ingredientes dos produtos que consome.

Vamos dar uma olhada no rótulo de uma determinada marca de salsicha:
Ingredientes:Carne mecanicamente separada de frango, gordura suína, carne suína, água, carne de peru, proteína isolada de soja, fécula de mandioca, sal, maltodextrina, condimentos naturais, pimenta preta, regulador de acidez lactato de sódio (INS 325) estabilizantes: Tripolifosfato de sódio (INS 451i), polifosfato de sódio (INS 452i) e pirofosfato ácido de sódio (INS 450i) Aroma natural de fumaça, natural de pimenta branca, naturais e idêntico ao natural de pimenta da Jamaica e preta realçador de sabor glutamato monossódico (INS 621), antioxidante eritorbato de sódio(INS 316), conservador nitrito de sódio (INS 250) e corante urucum (160b).
  
      
Viram? Não estou inventando não, tá bem aí no rótulo.                 
         O 1° ingrediente vocês já sabem o que é (conforme pauta anterior - http://andreiamouranutri.blogspot.com.br/2012/05/decifrando-os-rotulos-voce-come-pele-de.html). O 2° é gordura de porco, e vocês sabem também que sendo o 2° ingrediente listado,  a quantidade adicionada representa uma boa parte do produto. 
         Agora reparem no último ingrediente em destaque: "aroma natural de fumaça". Sabem  o que significa? A indústria praticamente transforma fumaça em um pó para adicionar à salsicha e propiciar aquele toque defumado.

Vamos analisar o rótulo de uma outra marca:

Ingredientes:Carne bovina, carne suína, carne de ave mecanicamente separada, papada, miúdos suínos e bovinos, pele suína, proteína vegetal, glicose, sal, amido (máx 2%), aromatizante: aromas naturais, estabilizante: tripolifosfato de sódio; conservadores: nitrato e nitrito de sódio, condimento natural; antioxidante: eritorbato de sódio; corante: corante natural.
   

   Essa designa que são utilizados pele e miúdos suínos, que podem ser: fígado, coração, rim... de porco, além das mesmas partes do boi (miúdos bovinos).
      Contém também um ingrediente denominado “papada”. Não sei o que é, mas honestamente, o nome não me agrada.


            O maior problema é a quantidade e a frequência com que as pessoas vêm ingerindo. O consumo de embutidos quase triplicou nos últimos anos!

            Será que é isso que você quer dentro do seu corpo?

Então, leia o rótulo!